Para desenvolver o autoconhecimento da melhor forma, em primeiro lugar, é necessário deixar de lado alguns estímulos que impedem a auto-percepção.
Psicóloga Ingrid Jordani – CRP 04/44847
As pessoas têm buscado conhecimento em diversas áreas. Leem livros de todos os tipos, assistem a vídeos e fazem cursos para conhecerem mais e mais sobre inúmeras dimensões. Por mais inteligência e conhecimento que queiram alcançar, se não souberem dominar as próprias emoções, nada disso terá proveito suficiente para que vivam abundantemente.
Todos nós carregamos histórias e experiências. Por trás de cada indivíduo, existe uma essência, aquilo que o faz funcionar e enxergar o mundo à sua volta, as pessoas e até a si mesmo. Seus pensamentos, sentimentos e comportamentos são consequência de suas crenças, de sua formação e de sua personalidade. Porém, viver na correria da vida, no que chamamos de “modo automático”, traz apenas acúmulo de sensações e experiências de todos os lados, impedindo a pessoa de ter consciência dos motivos que a levam a viver, reagir e sentir.
Aprender sobre as diversas funções do corpo humano nos torna capazes de interpretar os sintomas que ele apresenta. Da mesma forma acontece com a mente: é necessário entender a origem de certas emoções no dia a dia, tendo acesso aos pensamentos que nos rodeiam e sabendo lidar com todos os sentimentos que surgem. É assim que o ser humano consegue controlar seus comportamentos destrutivos e inúteis, que trazem sofrimento para si mesmo e para os outros.
Quando as emoções são reguladas e administradas de forma adequada, tornamo-nos capazes de resolução de conflitos, já que a mente se encontra mais clara para raciocinar e planejar. Portanto, antes de buscar por qualquer campo do conhecimento, busque primeiro conhecer a si mesmo, a fim de que você viva com mais qualidade e bem-estar.
Como desenvolver o autoconhecimento
Para desenvolver o autoconhecimento da melhor forma, em primeiro lugar, é necessário deixar de lado alguns estímulos que impedem a auto-percepção. Olhar para o outro e projetar-se no que ele faz ou na vida que leva, principalmente através das redes sociais, é um hábito que impede o indivíduo de focar nos próprios objetivos de vida e no funcionamento psíquico único que ele carrega que, com certeza, é diferente do de outras pessoas. Praticar a comparação sobrecarrega a mente de ilusões e cobranças desnecessárias.
Outro passo é desenvolver a reflexão. Parar um momento, em silêncio, para recapitular sobre o seu dia, analisando quais comportamentos foram adequados ou não, também auxilia no processo de autoconhecimento. Visualize sua conduta ao longo do dia e avalie as mudanças necessárias que precisam ser feitas.
É necessário que a mente seja disciplina e educada a praticar bons hábitos, que só se desenvolvem quando há real reconhecimento de necessidade de mudança e quando há vontade para iniciar esse processo. Nosso cérebro é um órgão extremamente adaptativo a mudanças, porém se não houver o “querer”, esse trabalho se torna muito mais complexo e doloroso.
Passaremos a vida toda estudando e aprendendo, e isso inclui a aprendizagem de quem nós somos. Entender nossas origens, perdoar nossos pais, de onde veio tanta carga emocional para o nosso funcionamento, e estar aberto a mudanças é, com certeza, um ótimo caminho para entender quem você é no mundo e para quais objetivos você deseja caminhar.
Se você não se vê capaz de praticar esses passos sozinho, busque ajuda de um profissional psicólogo que irá te conduzir nesse processo, além de trazer válidas orientações para te ajudar no manejo das emoções. E lembre-se! Se existe uma ciência válida que leva ao bom funcionamento de todas as outras áreas do saber é a do autoconhecimento. Como diz a escritora norte-americana Ellen White: “conhecer-nos a nós mesmos é grande ciência” (Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, p. 10 – condensado).