Passeata promovida pela Igreja Adventista em SP traz à luz o tema da violência obstétrica.
Por Vanessa Moraes | Notícias Adventistas
Mesmo com previsão de chuva, cerca de 15 mil pessoas, segundo informações da Polícia Militar, se reuniram na Avenida Paulista, capital de São Paulo, na tarde do dia 26, para uma passeata de conscientização e combate à violência obstétrica. A iniciativa faz parte do projeto Quebrando o Silêncio, promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul.
A ação envolveu adventistas de todo o Estado de São Paulo. Promovida pelo Ministério da Mulher da União Central Brasileira (UCB), sede administrativa da denominação para o território paulista, também teve a participação do grupo infantil Turma do Nosso Amiguinho, apresentação de fanfarras pelos desbravadores, distribuição de revistas e panfletos que explicam o que são os abusos e maus-tratos na maternidade, além da presença de autoridades públicas e eclesiásticas.
No trajeto de um quilômetro, a passeata teve início próximo à estação de metrô Trianon Masp e foi concluída na altura da TV Gazeta.
Conscientização e suporte
Coordenado pela professora Telma Brenha, diretora do Ministério da Mulher para o Estado de São Paulo, a passeata teve a intenção de conscientizar a população sobre o “Parto (A)normal”, tema desta 21ª edição do projeto, que a cada ano trabalha um assunto voltado ao combate à violência que atinge os grupos mais vulneráveis da sociedade, como mulheres, crianças e idosos. O objetivo geral do projeto é esclarecer que todo ciclo de violência precisa ser rompido, além de dar suporte e voz às vítimas.
No Brasil, segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a violência obstétrica atinge 36% das mulheres, seja na rede pública ou privada. Outra pesquisa, da Fundação Perseu Abramo, aponta que uma em cada quatro mulheres já sofreu algum tipo de violência na maternidade.
De acordo com Telma, a violência obstétrica é um assunto sensível e ao mesmo tempo pouco discutido. “Este tema é importante porque precisamos conscientizar as pessoas sobre a existência desse tipo de violência, que ocorre, muitas vezes, de forma velada, além de informar que as mulheres têm direitos que precisam ser respeitados. Escolhemos a Avenida Paulista para este ato porque aqui é o coração de São Paulo e podemos alcançar mais pessoas”, afirma a líder.
Esta foi a segunda vez que a Avenida Paulista se tornou palco das ações de conscientização contra a violência promovidas em prol do projeto. Em 2022, o Quebrando o Silêncio abordou o tema da violência psicológica e reuniu dez mil pessoas no mesmo lugar.
Quarto sábado de agosto
Em outubro de 2019, o Dia da Campanha Quebrando o Silêncio entrou para o calendário oficial do Estado de São Paulo pela Lei 17.186/2019, que estabeleceu o último sábado do mês de agosto como período dedicado à celebração do projeto.
O Quebrando o Silêncio é uma iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, promovida desde 2002 em oito países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai). O projeto é desenvolvido ao longo de todo o ano, mas uma das suas principais ações ocorre sempre no quarto sábado de agosto, com ações de conscientização social para reforçar a importância da denúncia para combater atos de abuso e agressão.
Giro no Estado de SP
Veja como algumas ações do Quebrando o Silêncio foram realizadas em todo o Estado de São Paulo:
Associação Paulista Sudoeste (APSo)
Na região Sudoeste do Estado, adventistas se envolveram no Quebrando o Silêncio. Além de passeatas, houve um fórum de discussão sobre a violência obstétrica, com profissionais da área da saúde e jurídica. Já em Hortolândia, a quarta edição da corrida em prol do projeto reuniu mais de 300 pessoas.
Associação Paulistana (AP)
No município de Ibiúna, cerca de 500 pessoas saíram às ruas. A maior parte da população da cidade, que possui 80 mil habitantes, vive na zona rural. A passeata teve o objetivo de orientar esses moradores sobre os direitos da mulher na maternidade.
Associação Paulista Sul (APS)
Na região Sul, adventistas se envolveram em diversas atividades. Teve fanfarra e distribuição de revistas e folhetos do projeto, além da divulgação explícita dos canais de denúncia para mulheres que foram e são vítimas da violência obstétrica.
Associação Paulista Leste (APL)
Em Cajamar, centenas de pessoas participaram de uma passeata organizada pela Igreja Adventista, com o apoio da prefeitura local. Ao final do percurso, os participantes se reuniram para assistir um culto especial e palestras com profissionais da área da saúde e líderes comunitários.
Associação Paulista Sudeste (APSe)
Na região Sudeste, muitas igrejas também foram às ruas para promover o Quebrando o Silêncio. Em Diadema, a passeata durou uma hora e terminou na praça central da cidade, onde um palco foi montado. A ação contou ainda com a participação de Desbravadores e Aventureiros.
Associação Paulista do Vale (APV)
No Vale do Paraíba e região não foi diferente. Os voluntários das 280 congregações adventistas do território distribuíram revistas e panfletos nas ruas das cidades e no comércio local. Para os moradores do território, um mini-documentário foi produzido para conscientizar a população (assista aqui).
Associação Paulista Central (APaC)
As ações do projeto ganharam destaque na mídia local da região central do Estado, com entradas ao vivo na rádio Jovem Pan. A Igreja Adventista de Rio Claro, com o apoio do Ministério da Mulher, também participou de uma entrevista à rádio e convidou a população para conhecer o Quebrando o Silêncio.
Associação Paulista Oeste (APO)
Em Presidente Prudente, no Oeste Paulista, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ajudou a promover o Quebrando o Silêncio. Gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz recentemente) participaram de uma palestra sobre violência obstétrica. Ao ouvir as informações, uma das participantes descobriu que viveu uma violência durante o parto e compartilhou sua experiência. Ela também afirmou que após o aprendizado da palestra, não se permitirá passar por isso novamente. No final do encontro, cada participante recebeu um kit maternidade.
No site oficial do projeto você encontra os temas trabalhados nos anos anteriores, além de materiais informativos e que ajudam a promover o combate aos vários tipos de violência.